sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Guerra entre Gladson e Rocha era prevista na novela da politica.(Leonildo Rosas)



Meu amigo, minha amiga.

Você que está vendo esse vídeo, responda para si mesmo:

O que você pensou foi anunciada a chapa de Gladson Cameli e Wherles Rocha há dois anos?

Tenho quase certeza de que você pensou: não vai dar certo.

Pavão e tucano não combinam.

Rocha era tucano.

Gladson é apavonado desde o berço.

Na época, eu não apenas pensei.

Eu escrevi.

Eu falei.

Fui processado por Rocha e, pasme, recebi condenação.

O meu crime foi ter falado que houve muita rasteira e golpe de capoeira na formação da chapa.

Rocha me processou e o juiz entendeu que ele estava certo.

O tempo se encarregou de mostrar que eu estava certo.

A roda de capoeira, sem berimbau, se aprofundou quando os dois chegaram ao governo.

Quem apostou na mudança, viu que realmente mudou a forma de governar o Estado.

E foi uma mudança para pior.

A confusão tomou uma dimensão tão grande, que estão metendo até as mães no meio.

Quando eu era menino, aceitava muitas provocações.

Mas perdia a estribeira quando metia a mãe no meio.

Acho que você também é assim.

Recentemente, o vice-governador foi às redes sociais afirmar que a sua mãe estaria sendo alvo de ataques de aliados do governador.

Isso mereceu uma reprimenda pública da genitora do governador, que defendeu a demissão e a punição dos supostos agressores.

Acho que a frágil aliança entre o governador e o seu vice rompeu de vez.

Mas, nos meus mais de cinquenta anos de vida, nunca vi algo parecido no Acre.

Desde quando o acreano obteve novamente o direito de escolher o seu governador, que não se vivia uma balbúrdia tão grande.

Cerceado pela ditadura militar, o acreano voltou até a ter o direito de eleger o seu segundo governador em 1982.

O mdebista Nabor Júnior venceu Jorge Kalume, o candidato dos militares, com folga.

Teve como vice Iolanda Fleming, hoje Iolanda Lima.

Pouco mais de três anos depois, Nabor deixou o cargo, fez uma transição tranquila e foi eleito senador da República.

Não havia reeleição.

O governador seguinte foi o também mdebista Flaviano Melo, que teve Edson Cadaxo como vice.

Flaviano também deixou o mandato, fez uma transição na paz e foi para o Senado.

Edson Cadaxo era um homem tranquilo, de paz.

A paz, porém, não rima com o poder.

A guerra entre o governador e o vice, tardou, mas chegou.

Eleitos em 1990, Edmundo Pinto e Romildo Magalhães conviveram como gato e rato.

Em pouco tempo, protagonizaram confusões históricas.

Mas, infelizmente, Edmundo foi assassinado em São Paulo.

O resto da história todos sabem.

Tio de Gladson Cameli, Orleir Cameli teve atritos com seu vice, o médico Labib Murad, mas nunca tomou uma dimensão pública.

Há, nos bastidores, relatos de tentativa de golpe.

Mas foram freadas.

Orleir sabia precificar os deputados de sua base e freou o movimento golpista.

A tranquilidade na relação dos vice retornou nos governos subsequentes, do PT.

No primeiro mandato, Jorge Viana foi buscar a paz em Edson Cadaxo, o mesmo de Flaviano Melo.

Reeleito, Viana escolheu Binho Marques, que lhe sucedeu no cargo.

Primo de Gladson, César Messias foi vice de Binho Marques e de Tião Viana, no primeiro mandato.

No segundo mandato, Tião Viana concorreu ao lado da procuradora do Estado Nazaré Araújo, filha do primeiro governador eleito na história do Acre, José Augusto de Araújo.

Sabe por que Nabor Júnior, Flaviano Melo, Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana não tiveram problemas com os seus respectivos vices?

Os vices sabiam dos seus papéis no jogo.

Não queriam disputar protagonismo.

Não tinham a ambição que o atual vice tem.

Mas tem mais.

Não vivi profundamente os governos dos mdebistas, mas posso afirmar que nos governos dos petistas havia algo que falta em Gladson Cameli: capacidade de liderar.

Gladson Cameli é, sem dúvida, o governador mais fraco da história.

Ninguém acredita na sua palavra.

E palavra na politica vale muito.

É ingenuidade pensar que a briga do governador é apenas com o seu vice.

Wherles Rocha apenas externa o que pensa.

Gladson está cheio de adversários ao seu entorno.

Ou alguém acha que o senador Sérgio Petecão não é o seu adversário?

Será que o MDB tem tanto apreço assim pelo governador?

O senador turista Marcio Bittar tem a ambição de um dia governar o Estado e não esconde de ninguém.

O governador é mal visto até no Progressistas, partido do qual pediu afastamento para apoiar a prefeita socialista marrom Socorro Neri.

As eleições estão na porta.

Gladson, sem sobra de dúvidas, perderá em qualquer circunstância.

Se vencer com Socorro Neri, irá unir os seus antigos aliados em uma frente única.

Se perder, mostrará o quanto é frágil.

É uma sinuca de bico.

Ainda faltam dois anos de mandato.

Vários rounds serão disputados no ringue da politica.

Que, entre mortos e feridos, vença a democracia.

Falando entre mortos e feridos, há muito tempo venho falando sobre o papel do crime organizado nas eleições deste ano.

O juiz eleitoral afastado Giordane Dourado também manifestou essa preocupação.

Esse é um tema que os candidatos passam a largo.

Quem sabe o assassinato do primo e coordenador da campanha do candidato Minoru Kinpara não desperta as autoridades para esse grave problema.

Ainda sobre a briga do governador e do vice-governador, acho que Rocha está mais certo do que errado.

Ele não esconde o que é.

Cobra os acordos firmados, o que é natural.

Gladson, por sua vez, dá uma unhada e esconde a outra.

Prefiro quem age com mais transparência.

Pelo o que vemos, a possibilidade de juntar os cacos é praticamente zero.

A não ser que eles sigam o que um dia declarou Getúlio Vargas.

O caudilho gaúcho disse:

– Nunca tive um amigo que não pudesse tornar-se um inimigo ou um inimigo que não pudesse tornar-se amigo.

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