Legislativo cumpre missão sob pressão; Executivo falha no
planejamento
Recesso ameaçado
Não foi um encerramento de ano simples para a Câmara
Municipal de Cruzeiro do Sul. Os vereadores viram o recesso parlamentar,
direito assegurado por lei, ser ameaçado pela necessidade de votar peças
orçamentárias fundamentais, por culpa do Executivo.
Recesso branco
Pela Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da
Câmara Municipal, o Legislativo não pode entrar em recesso formal sem a
aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO), o que forçaria um "recesso branco".
Missão cumprida (com atraso)
Embora o ideal seja que a LDO seja votada ainda no primeiro
semestre, a aprovação só ocorreu agora, em dezembro de 2025. Com o dever
cumprido, os parlamentares finalmente iniciaram o recesso, tendo aprovado
também o Plano Plurianual (PPA) e o Programa de Recuperação Fiscal (REFIS)
neste último mês do ano.
A falha do Executivo: Onde está a LOA?
Se por um lado a Câmara limpou a pauta possível, por outro,
a gestão municipal deixou a desejar. A Lei Orçamentária Anual (LOA), que estima
as receitas e fixa as despesas para o ano seguinte, deveria ter sido aprovada
antes do encerramento do ano legislativo, mas isso não
aconteceu.
Não tranca o recesso parlamentar
A ausência da LOA em 2025 é um reflexo direto da falta de
planejamento ou agilidade do Poder Executivo. Agora, resta esperar que a
prefeitura demonstre responsabilidade e envie a matéria para votação em janeiro
de 2026. Para que o município não fique paralisado, o Presidente da Câmara
deverá convocar uma sessão extraordinária para que esse projeto seja votado. Vale
lembrar, que não há mais remuneração adicional para os vereadores.
O coração da administração pública
A LDO e a LOA não são meras burocracias; elas são o coração
da administração pública. Sem o orçamento aprovado, a manutenção de serviços
básicos e o funcionamento da cidade ficam sob risco. É hora de o Executivo
tratar o planejamento orçamentário com a seriedade que a população merece.
Parlamento Mirim: O Para-choque da Comunidade
O respeito que nutro pelo Legislativo municipal nasce da
experiência própria de quem já ocupou uma cadeira naquela Casa. Sei o quanto o
parlamentar precisa se desdobrar para honrar seus compromissos, especialmente
quando enfrenta um Executivo com dificuldades de interlocução ou que prioriza
aliados em detrimento do interesse público.
Mais próximo do cidadão
O vereador é o político mais próximo do cidadão; é ele quem
ouve as queixas e sente as pressões imediatas. Sem um Executivo parceiro, a
missão de legislar e fiscalizar torna-se um desafio diário de superação.
2025: Um ano perdido entre o "Pão e Circo" e a
falta de gestão
O ano de 2025 chega ao fim deixando um rastro de frustração
para quem esperava uma Cruzeiro do Sul mais próspera. Enquanto o marketing
oficial tenta pintar o cenário de uma gestão "excelente", a realidade
das ruas desmente a propaganda. Para além da política do "pão e
circo", onde shows de artistas famosos tentam mascarar a ausência de
projetos estruturantes, o município carece de ações que transformem, de fato, a
vida da maioria dos cruzeirenses.
No básico e no paliativo
A gestão municipal parece ter se acomodado no básico e no
paliativo. Cestas básicas e asfalto de qualidade questionável não podem ser
vendidos como grandes conquistas; são obrigações, e das mais simples.
Pura ilusão
Uma política "grande", como a nossa cidade merece,
deveria estar focada na geração de emprego, na criação de renda e em
oportunidades reais de crescimento para o povo, não apenas em soluções
temporárias para iludir o eleitor.
Prioridade invertida
Falta pulso ao Executivo para exigir resultados de sua
equipe. O sofrimento dos mais necessitados não se resolve com eventos, mas com
serviços públicos eficientes. Um exemplo claro de prioridade invertida está nos
gastos públicos: o volume de recursos destinados a viagens e diárias é
alarmante (números que trarei em detalhes em uma coluna próxima).
O essencial
Se houvesse responsabilidade com o dinheiro do povo, esses
valores seriam redirecionados para o que é essencial:
Zeladoria urbana: Limpeza de ruas, operação
tapa-buracos e um sistema eficiente de recolhimento de lixo.
Valorização do servidor: É inadmissível que quem faz
a máquina pública girar não receba um salário digno que dure até o final do
mês.
Desenvolvimento real
Cruzeiro do Sul não precisa de espetáculos; precisa de uma
gestão que saia do palanque e encare os problemas estruturais da cidade. O
tempo da política assistencialista e de curto prazo precisa dar lugar ao tempo
do desenvolvimento real.

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