Neto Gontran
Jornalista
Petecão expõe bastidores das eleições 2024
A recente participação do senador Sérgio Petecão (PSD) no
Podcast Folha do Juruá, em Cruzeiro do Sul, foi uma entrevista e um
desabafo de como o jogo é jogado. Entre muitos assuntos, um em especial abriu e expôs as fraturas da eleição municipal: o rompimento do PSD com o
prefeito Zequinha Lima.
Uma figura política que jogou bem
Petecão fez questão de lavar as mãos, afirmando que a
decisão do partido de não apoiar Zequinha Lima não partiu dele. O senador
apontou o dedo para uma "figura política" específica que, segundo
ele, "semeava discórdia" dentro do partido. Apesar de não ser um
craque, jogou bem, pois saiu vencedor.
O pivô da discórdia
O senador foi fundo na acusação, revelando a suposta
hipocrisia desse personagem. Petecão relatou que o indivíduo teria dito:
"se esse vagabundo desse comunista entrar aí (comitê), eu não entro".
E a ironia
A grande ironia, destacada pelo senador, é que este mesmo
cidadão, autor da frase de forte cunho ideológico, hoje "faz parte da
equipe do prefeito reeleito". Pior: "Foi o primeiro a pular para o
lado do Zequinha", disparou.
O "jogo pesado" de Zequinha
Apesar de chamar Zequinha Lima de "amigo" pessoal,
Petecão não poupou o prefeito. Ele afirmou que Zequinha "jogou
pesado" e deixou "mágoa" na disputa de 2024. O motivo teria sido
a falta de apoio aos pré-candidatos ao parlamento mirim do PSD, atitude que, na visão do
senador, "emburrou de vez o PSD para o colo da Jéssica Sales".
Modus operandi do poder
Embora Petecão não tenha dado nome aos bois, a pergunta que
ecoa nos bastidores não é tanto "quem é" o personagem, pois as raposas
políticas locais já decifraram a charada. A verdadeira questão é o que essa
movimentação revela sobre o modus operandi do poder.
A cura milagrosa da "garantia"
A fala do senador expõe um teatro onde o discurso ideológico
(como o xingamento de "comunista vagabundo") é meramente uma
ferramenta de negociação, e não uma convicção. A "ferida aberta"
entre o tal personagem e a gestão, pelo visto, era superficial e foi
rapidamente curada. Resta saber qual foi a "garantia" oferecida, pois
fica claro que, no pragmatismo político local, não há incoerência que um bom
cargo não cure.
Trânsito municipalizado: O fracasso que mata em Cruzeiro
do Sul
Os acidentes e mortes no trânsito de Cruzeiro do Sul
deixaram de ser incidentes isolados para se tornarem uma estatística horripilante
e constante. É muito conveniente para o poder público culpar exclusivamente a
"imprudência" dos motoristas e pedestres.
A falha administrativa
Contudo, essa é uma meia-verdade que serve apenas para
mascarar a falha administrativa. A gritante deficiência de políticas públicas
urgentes para o setor torna o Executivo municipal corresponsável direto por
cada tragédia.
A farsa da municipalização
A pergunta que não cala é: após a tão alardeada
municipalização do trânsito, qual foi a melhora real para a população? Basta
circular pela cidade para constatar o caos. A realidade é um inventário de
perigos: buracos que servem como armadilhas, sinalização precária ou
inexistente, ruas estreitas forçadas a operar em mão dupla, caminhões pesados descarregando atrapalhando o trânsito e
carretas circulando livremente em horários de pico, mato alto obstruindo a
visão em cruzamentos.
Direto da omissão
Tudo isso não é fatalidade; é o resultado direto da omissão.
São componentes que transformam o ato de dirigir ou caminhar em uma
roleta-russa diária.
Devolvam ou resolvam
A Prefeitura é eficiente em arrecadar com multas, mas falha
miseravelmente em reverter esse dinheiro em segurança. Se a gestão atual não
tem a competência mínima para administrar o trânsito, que admita o fracasso e
devolva a responsabilidade para o Estado. O que não pode continuar é essa política de inércia. Pois, dinheiro tem!


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