Carona de luxo? Prefeitura adere a ata de R$ 23 milhões
de Minas Gerais e esvazia empresas locais
O silêncio da gestão
Buscando prezar pelo contraditório e pelo bom jornalismo,
tentei contato direto com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano e
Obras de Cruzeiro do Sul, Carlos Alves. O objetivo era simples: obter
explicações técnicas sobre a contratação de uma empresa terceirizada para
assumir serviços essenciais da pasta.
Fui deixado sem resposta
Infelizmente, a tentativa foi infrutífera, repetindo um
padrão de silêncio comum na atual administração. O secretário chegou a
responder e solicitou que eu entrasse em contato com o Secretário Adjunto,
Josinaldo Batista Ferreira; porém, fiquei
novamente no vácuo. O espaço,
contudo, permanece aberto.
Adeus, licitação própria?
Na coluna da última quarta-feira (19), antecipei — com base
em fontes seguras — a movimentação para terceirizar serviços que são a razão de
existir da Secretaria de Obras. O alerta feito foi claro: caminha-se para
transformar o órgão em uma estrutura obsoleta, um verdadeiro "elefante
branco", levantando sérias dúvidas sobre a competitividade e a Lei de
Licitações.
O que diz o Portal da Transparência?
Aprofundando a
apuração no Portal da Transparência para levar a verdade à população
cruzeirense, os dados confirmam a operação. Não se trata de uma licitação
local, mas de uma "carona" (adesão) em uma Ata de Registro de Preços
de um consórcio de outro estado.
Os detalhes chamam a atenção pelo vulto financeiro e pela origem da contratação:
Origem:
A "carona" vem do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário
do Centro-Oeste Mineiro (CIAS Centro-Oeste), sediado em Antônio Monte
(MG).
Beneficiária:
A empresa detentora da ata é a Alicerce Construções e Serviços Ltda.
Objeto:
Prestação de apoio para manutenção de vias e limpeza urbana em Cruzeiro do
Sul.
Valor
Global: Impressionantes R$ 23.443.823,68.
Vigência:
Adesão realizada em 19/09/2025, com validade da ata até 11/03/2026.
Legalidade
Embora a adesão a Atas de Registro de Preços (a famosa
"carona") seja um instrumento legal, sua aplicação neste caso merece
uma análise crítica profunda sob a ótica da gestão pública e do desenvolvimento
local.
Contrato externo
Ao buscar uma solução pronta em Minas Gerais, a gestão
municipal pratica uma desvalorização inaceitável da economia local. São mais de
R$ 23 milhões que poderiam circular entre empresas e trabalhadores da nossa
região, gerando emprego e renda aqui, mas que agora estão atrelados a um
contrato externo.
Carona de luxo
Além do impacto econômico, essa "carona de luxo"
soa como um atestado de incapacidade de planejamento. Se a Secretaria de Obras
precisa terceirizar sua atividade-fim de forma tão brusca e volumosa,
questiona-se a competência da pasta em gerir seus próprios recursos e
maquinários.
Difícil de explicar
É legal? Sim. Mas é moralmente defensável enfraquecer o
empresariado local e esvaziar as funções da secretaria? A população merece uma resposta plausível sobre essa escolha absurda.
A Rota de Fuga: Ramagem segue destino de Eduardo
Bolsonaro e Carla Zambelli e busca refúgio nos EUA após condenação
O padrão se repete
As notícias que circulam nesta quinta-feira (20) confirmam o
que parece ter se tornado uma "rota de emergência" para parlamentares
do PL em conflito com a Justiça. Alexandre Ramagem é o mais novo nome a deixar
o Brasil rumo aos Estados Unidos, engrossando a lista de figuras políticas que
optam pelo exílio voluntário ao enfrentarem o peso da lei. Aqui!
Condenação e clandestinidade
Ramagem, figura central em investigações recentes, teve sua
situação agravada após a condenação a pouco mais de 16 anos de prisão, no
âmbito dos processos que apuram a tentativa de Golpe de Estado.
Um cenário de desordem institucional.
O que chama a atenção e exige explicações das autoridades de
segurança, é o modus operandi da
saída. Com o passaporte suspenso por determinação judicial, tudo indica que a
travessia das fronteiras ocorreu de forma clandestina. Não se trata apenas de
uma fuga, mas de uma nova infração que expõe a vulnerabilidade do controle de
saída de pessoas investigadas do país.
Não sabe de nada
A Câmara dos Deputados limitou-se a informar que
"oficialmente não tem nenhuma informação". A resposta burocrática
contrasta com a gravidade do fato: um deputado federal, investido de mandato,
rompe com a jurisdição nacional e deixa o país à revelia da Justiça.
Análise: O desafio às instituições
A fuga de Ramagem não deve ser lida apenas como o medo do
cárcere, mas como um gesto político que desafia a eficácia do cumprimento das
penas no Brasil. Ao fugir para os EUA, busca-se criar um fato político
internacional e postergar o inevitável.
Resta saber
Até quando essa rota
permanecerá aberta e quais serão as respostas do Judiciário e do Legislativo
para estancar essa sangria de autoridade?


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